03/12/2007

CONVITE À LEITURA

O livro começa com o nascimento dramático de Gabriel. A mãe, sozinha em casa, e ocupada a passar a ferro o enxoval para o bebé que aí vem, e já serviu aos dois irmãos mais velhos, nem repara que o gato preto, sempre a brincar à roda das suas saias, lhe arranhou as pernas, rompendo‑lhe as varizes com as unhas. Começa a sentir um zumbido nos ouvidos, as pernas frouxas, uma vertigem e «no soalho doirado de asseio, uma nódoa vermelha e escura alastra e reluz sombriamente. Sangue!». Felizmente, os vizinhos de baixo dão por isso e socorrem a tempo a mãe e a criança, numa solidariedade entre vizinhança que se protege e estima. Depois vamos conhecendo o resto da família e acompanhando o seu trajecto ao longo dos anos, sem nunca perder de vista o pequeno Gabriel, através de cujos olhos vamos observando a vida nos bairros populares de Lisboa, no início do século XX, entre o fim da Monarquia e os alvores da República. É a Lisboa dos pregões populares, das varinas e muitos outros vendedores, dos eléctricos, dos piqueniques fora de portas e das idas à praia do Dafundo.
A história evoca a infância e adolescência do próprio autor, nascido em Alfama em 1901 e falecido em Nova Iorque, em 1980.

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