Quando os deuses construíram o mundo, inventaram umas pedrinhas muito pequeninas a que chamamos ‘areia’, inventaram desertos e praias, inventaram formas estranhas com as quais o vento se vai divertindo, moldando as dunas conforme lhe apraz.
Mas os deuses também inventaram seres animados, diz-se à sua semelhança e, não sendo puros espíritos, têm de ter algo para os albergar.
Então, aí estão os corpos, criações de muitas explicações, mas também nascidos e que crescendo, podem fazer muitas coisas que lhe vão apetecendo. Não se vestir e deitar nas tais pedrinhas pequeninas, confundindo as suas com as outras dunas. Umas e outras são belas.
Façamos apenas uma questão: serão as dunas que estão nuas perante o corpo que as usufrui ou será o corpo que está nu e se deleita nas dunas, imaginando que tiveram a mesma origem, que são almas gémeas e assim devem permanecer?
Façamos apenas uma questão: serão as dunas que estão nuas perante o corpo que as usufrui ou será o corpo que está nu e se deleita nas dunas, imaginando que tiveram a mesma origem, que são almas gémeas e assim devem permanecer?
Foto: Osvaldo Castanheira - Texto: Maria dos Anjos Fernandes
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