Tal como está o mundo, não nos atrevemos sequer a duvidar de
que tudo pode acontecer. Por isso o que é, pode não ser!
Há uma ponte invisível entre aparência e realidade, entre o
que vemos e julgamos existir e tudo aquilo que a nossa mente constrói a partir
de uma ordem caótica!
O céu ainda não caiu, mas está suspenso, prontinho a
soltar-se e esmagar estes três estrategas do (des)equilíbrio. Mas de que mundos
vieram estes entes? Por que fazem acrobacias circenses ou pacificadoras
reflexões de yoga?
Estarão mesmo ali, no espaço relvado em que os vemos ou
estarão por detrás dos muros, fingindo habilidades para impressionarem apenas
as paredes?
E estas paredes que casas de estórias parecem sustentar, não
serão também paredes andantes ou voláteis, nas memoráveis e geniais
monstruosidades de artista portuguesa?
“Artista”?!!! Imagem de cinema mudo, com ascensão e queda tão
rápidas como o foi a corrida do cãozinho para salvar do fogo o Artista-dono, a
quem só o Amor real que ‘arde sem se
ver’ conseguiu reanimar!
Artes várias imaginamos ao olharmos o que parece ser. E vamos
percorrendo a ponte, não com o nosso andar, mas com o ver, o olhar, o imaginar.
Não serão as paredes que nos param, não será porque o céu nos ameaça que
desistimos de construir estórias (tal como ‘Ela’ não desiste de as dizer,
pintando…) para o caos que nos organiza. Porque é no caos que está o labirinto
da existência, porque é no desequilíbrio que estrategicamente nos movemos e
aprendemos a existir e a resistir.
Porque, mesmo na
insólita ou necessária diferença entre a aparência e a realidade:
A relva é verde?
E o céu é azul?
Serão ou não, mas os muros não param sonhos!Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
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