Não é em qualquer tempo nem em qualquer parte que poderemos olhar e ver
quem ainda é, mas talvez nunca seja, e vê-lo a ‘Ele’, de costas, que já não é,
mas sempre há de ser.
Há também os outros, que o guardam, que também foram e voltaram, ou não
foram mais do que ‘vultos históricos’ e de pouco alto nos olham ou são olhados.
E depois, parece que parte do mundo saiu à rua ou Largo, para ali estar,
ver e olhar. Acima de tudo para receber o azul deste céu- Espaço invejado de
qualquer S. Kubrick, se vivo fosse, para outra Odisseia nos contar. A estória vai
acontecer num tempo de futuro muito longínquo, tudo está petrificado, mas tudo
se move, numa cadência de câmara lenta, em que nada existe, mas tudo está lá.
A culpa é do céu azul que caprichou e não muda de cor. Plúmbeo, amarelo,
roxo, rosáceo, de nada valeu aos homens pedra tentarem! A abóbada emitiu um
édito galático para nada se mover, para nada ser. Só as memórias de uma viagem
salvas e ainda fossilizadas voam de vez em quando, em forma de livro ou folhas
soltas, por aquele espaço. Nem os homens pedra, nem as pedras homens as vêm.
Única exceção: numa daquelas pedras-casas está um homem, ainda de carne e
osso, que regressa ao passado, faz dele presente e escreve! Heresia… em verso e
prosa, nova saga de Bloom, tornado assassino lusitano e Lusíada, que se (des)
aventura por terras nunca tão bem contadas, rumo à Índia, que ainda lá está!
G.M.Tavares – não o vemos – espreita de uma janela e, nos intervalos da
mirabolante escrita, vai perfilar-se do outro lado do pedestal, para olhar nos
olhos ‘Aquele’ que de costas vemos.
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes