08/03/2013

VER e ESCREVER


Não é em qualquer tempo nem em qualquer parte que poderemos olhar e ver quem ainda é, mas talvez nunca seja, e vê-lo a ‘Ele’, de costas, que já não é, mas sempre há de ser.
Há também os outros, que o guardam, que também foram e voltaram, ou não foram mais do que ‘vultos históricos’ e de pouco alto nos olham ou são olhados.
E depois, parece que parte do mundo saiu à rua ou Largo, para ali estar, ver e olhar. Acima de tudo para receber o azul deste céu- Espaço invejado de qualquer S. Kubrick, se vivo fosse, para outra Odisseia nos contar. A estória vai acontecer num tempo de futuro muito longínquo, tudo está petrificado, mas tudo se move, numa cadência de câmara lenta, em que nada existe, mas tudo está lá.
A culpa é do céu azul que caprichou e não muda de cor. Plúmbeo, amarelo, roxo, rosáceo, de nada valeu aos homens pedra tentarem! A abóbada emitiu um édito galático para nada se mover, para nada ser. Só as memórias de uma viagem salvas e ainda fossilizadas voam de vez em quando, em forma de livro ou folhas soltas, por aquele espaço. Nem os homens pedra, nem as pedras homens as vêm.
Única exceção: numa daquelas pedras-casas está um homem, ainda de carne e osso, que regressa ao passado, faz dele presente e escreve! Heresia… em verso e prosa, nova saga de Bloom, tornado assassino lusitano e Lusíada, que se (des) aventura por terras nunca tão bem contadas, rumo à Índia, que ainda lá está!
G.M.Tavares – não o vemos – espreita de uma janela e, nos intervalos da mirabolante escrita, vai perfilar-se do outro lado do pedestal, para olhar nos olhos ‘Aquele’ que de costas vemos.

Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes

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