26/10/2007

A Europa é incapaz de voltar a produzir "Platões, Mozarts ou Bachs" - afirma George Steiner


O crítico e ensaísta George Steiner considera que a Europa está a atravessar uma crise cultural tão profunda que será incapaz de voltar a produzir "Platões, Mozarts ou Bachs", que aparecerão noutros locais do planeta, como a Índia ou a China.

"A Europa está muito, muito cansada. Quando a crise do Kosovo começou a Europa teve de ir a correr para a América a pedir ajuda e a América teve de vir outra vez resolver esta pequena crise, porque nem teve vontade política de varrer a sua própria sujidade", disse Steiner à margem da conferência "A Ciência terá limites?", que ontem começou na Fundação Calouste Gulbenkian.

24/10/2007

Maria Almira Medina



7 de Novembro – 4ª feira – 10 horas

Na Biblioteca

Encontro com a poetisa, artista plástica e jornalista.

Exposição de pinturas e serigrafias (de 2 a 9 de Novembro).

21/10/2007

Dia Internacional da Biblioteca Escolar




DIA INTERNACIONAL DA BIBLIOTECA ESCOLAR
APRENDER
MAIS E MELHOR NA BIBLIOTECA ESCOLAR
22 de Outubro de 2007

Neste ano, o Dia Internacional de Bibliotecas Escolares ocorre a 22 de Outubro, sob o tema "APRENDER - MAIS E MELHOR NA BIBLIOTECA ESCOLAR".

10/10/2007

O NOSSO PATRONO

Ferreira Dias
(1900-1966)

José do Nascimento Ferreira Dias Júnior nasceu em Lisboa a 11 de Outubro de 1900 e morreu na mesma cidade, em 19 de Novembro de 1966.
Em 1924 concluiu o Curso de Engenheiro Electrotécnico e de Máquinas no Instituto Superior Técnico, onde passou a reger a cadeira de Máquinas Eléctricas.
Em 1936 assumiu a presidência da Junta de Electrificação Nacional. Foi o primeiro vice-presidente da Câmara Corporativa, Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria entre 1940 e 1944 e Ministro da Economia.
Ferreira Dias foi Ministro da Economia de Salazar entre 1958 e 1962 e acumulou o cargo com o de Secretário de Estado da Indústria, que pertencia, também, ao seu ministério.
Foi um dos responsáveis governamentais pelo nascimento da Escola Industrial e Comercial de Sintra, daí a homenagem que lhe foi prestada, mais tarde, ao atribuir o seu nome a esta escola.

09/10/2007

CONVITE À LEITURA

José Eduardo Agualusa traz sempre até nós, com os seus livros, o cheiro de África. O cheiro só, não! A luz, a cor, os sons, as cidades, os homens e as mulheres. No livro “ As mulheres do meu pai”, a África de Luanda à ilha de Moçambique chega à nossa sala.
Entre a realidade e a ficção, a primeira alimentando a segunda, quatro personagens e o autor partem de Luanda, atravessam Angola por Benguela, cruzam a Namíbia, entram na África de Sul em direcção a Cape Town e chegam a Maputo, depois a Quelimane e à ilha de Moçambique. Buscam as mulheres do pai de Laurentina ( o pai dava às filhas nomes de cervejas – Laurentina, Cuca,…) e todos os filhos que teve.
O autor faz a mesma viagem trabalhando para o enredo de um filme que tem, como personagem principal, uma rapariga que busca as famílias do pai. Realidade e ficção misturadas sob o sol vermelho de África surgem, nas casas do meio do deserto (o Kalahari é um deserto de fantasmas), nos homens de passado duvidoso, nas mulheres de vida misteriosa. O passado colonial, a descolonização, o presente da África dos nossos dias desliza perante nós, e coloca-nos muitas questões acerca da nossa identidade cultural. Neste livro fala-se do renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos. Agualusa sente e ama África e faz com que quem o lê partilhe esses sentimentos.

CONVITE À LEITURA

Num pequeno castelo de caça, construído há duzentos anos no coração da Hungria, dois velhos senhores sentam-se a jantar à luz de velas depois de quarenta e um anos sem se encontrarem.
Tinham sido companheiros inseparáveis desde o colégio militar, nos gloriosos tempos da imperatriz Sissi, quase irmãos quando jovens oficiais do exército imperial do imperador Francisco José, na Viena que dançava ao som das valsas do jovem Strauss.
Então aconteceu aquele dois de Julho de mil oitocentos e noventa e nove, o da caçada seguida de jantar à luz das velas azuis… Depois Konrád partira para o Oriente longínquo, Henrik tinha-se tornado general dum exército que tinha perdido um Império e estava enclausurado no seu castelo há anos, Krisztina tinha morrido há muito.
Agora o cenário estava novamente montado, só faltava Kristina, nem o quadro com o seu retrato estava colocado na parede.
Os dois homens estarão frente a frente até ao amanhecer para olharem o porquê da traição, do fim da amizade, da partida.
Pela manhã Konrád partirá novamente, desta vez para sempre, e o espaço vazio entre quadros, “linha cinzenta que contornava o fundo branco”, terá novamente o retrato de Kriztina porque “já não tem importância - diz o general”.
Este é um livro apaixonante que fala da amizade, do amor, da traição, do orgulho e da honra num mundo que já não existe. Num tom de mistério tem um discurso intenso e reflexivo de busca da verdade e lê-se pela noite fora.

As velas ardem até ao fim – Sändor Márai – Publicações D. Quixote

CONVITE À LEITURA

“Não era o homem mais honesto nem o mais piedoso mas era um homem valente…” Com estas palavras começa O Capitão Alatriste, a história de um soldado veterano dos campanhas da Flandres que sobrevive como espadachim a soldo, no Madrid do século XVII. As suas aventuras perigosas e apaixonantes mergulham-nos nas intrigas da Corte de uma Espanha corrupta e em decadência, as emboscadas em becos escuros entre o brilho do aço das espadas, as tabernas onde Francisco Quevedo compõe sonetos entre brigas e jarros de vinho, os pátios de teatro onde as representações de Lope de Vega terminam com facadas. Tudo isto pela mão de personagens fascinantes: o jovem pajem Íñigo, o implacável inquisidor frei Emílio Bocanegra, o perigoso assassino Malatesta, o diabólico secretário do rei, Luís Alquézar, e acima de todos, o todo poderoso valido de Filipe IV, o conde de Olivares.
Acção, história e aventura encontram-se nestas páginas e nos próximos livros ( já saiu o segundo volume – Limpeza de Sangue).
O Capitão Alatriste – Arturo Pérez-Reverte
Edições ASA

03/10/2007

CONVITE À LEITURA

"Espingardas e música clássica" vs "Amor de perdição".

E se um dia lhe viesse parar às mãos um livro cuja acção se passasse em 1961, com personagens chamadas Simão Botelho e Teresa de Albuquerque? Simão e Teresa no século XX? Deve ser engano! Tem razão em achar estranho pois estes são os nomes das personagens do Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, mas o livro existe e a história é engraçadíssima.
Trata-se do romance Espingardas e Música Clássica, de Alexandre Pinheiro Torres (1921-1999), cuja acção se passa em Ribatâmega, nos locais por onde Camilo andou e que retratou nos seus romances. Estamos em plena ditadura de Salazar, a chamada Índia Portuguesa acaba de ser ocupada pelas tropas da União Indiana e a nossa rádio não tinha autorização para noticiar o assunto, passando apenas música clássica. Entretanto, os operários da fábrica do juiz aposentado Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, atreviam-se a fazer greve, sendo necessário chamar a GNR para impor a ordem e prender os agitadores. Adivinham agora quem era o cabecilha da revolta? Simão Botelho, pois claro, que irá parar aos calabouços, acompanhado de mais dois Simão Botelho, para grande espanto do leitor e confusão das autoridades.
A explicação é simples: nas terras de Camilo, todas as famílias Botelho têm um filho Simão em homenagem ao escritor, porque, como explica o caseiro Serafim, pai de Simão, «todos nós, os de poucas letras, só lemos até hoje o catecismo e o Amor de Perdição».
É, portanto, um romance cheio de ironia, onde reencontramos personagens do Amor de Perdição encaixadas numa história em que se critica o salazarismo. Vale a pena lê-lo e, já agora, reler também o romance de Camilo Castelo Branco.