José Eduardo Agualusa traz sempre até nós, com os seus livros, o cheiro de África. O cheiro só, não! A luz, a cor, os sons, as cidades, os homens e as mulheres. No livro “ As mulheres do meu pai”, a África de Luanda à ilha de Moçambique chega à nossa sala.
Entre a realidade e a ficção, a primeira alimentando a segunda, quatro personagens e o autor partem de Luanda, atravessam Angola por Benguela, cruzam a Namíbia, entram na África de Sul em direcção a Cape Town e chegam a Maputo, depois a Quelimane e à ilha de Moçambique. Buscam as mulheres do pai de Laurentina ( o pai dava às filhas nomes de cervejas – Laurentina, Cuca,…) e todos os filhos que teve.
O autor faz a mesma viagem trabalhando para o enredo de um filme que tem, como personagem principal, uma rapariga que busca as famílias do pai. Realidade e ficção misturadas sob o sol vermelho de África surgem, nas casas do meio do deserto (o Kalahari é um deserto de fantasmas), nos homens de passado duvidoso, nas mulheres de vida misteriosa. O passado colonial, a descolonização, o presente da África dos nossos dias desliza perante nós, e coloca-nos muitas questões acerca da nossa identidade cultural. Neste livro fala-se do renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos. Agualusa sente e ama África e faz com que quem o lê partilhe esses sentimentos.
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