09/10/2007

CONVITE À LEITURA

Num pequeno castelo de caça, construído há duzentos anos no coração da Hungria, dois velhos senhores sentam-se a jantar à luz de velas depois de quarenta e um anos sem se encontrarem.
Tinham sido companheiros inseparáveis desde o colégio militar, nos gloriosos tempos da imperatriz Sissi, quase irmãos quando jovens oficiais do exército imperial do imperador Francisco José, na Viena que dançava ao som das valsas do jovem Strauss.
Então aconteceu aquele dois de Julho de mil oitocentos e noventa e nove, o da caçada seguida de jantar à luz das velas azuis… Depois Konrád partira para o Oriente longínquo, Henrik tinha-se tornado general dum exército que tinha perdido um Império e estava enclausurado no seu castelo há anos, Krisztina tinha morrido há muito.
Agora o cenário estava novamente montado, só faltava Kristina, nem o quadro com o seu retrato estava colocado na parede.
Os dois homens estarão frente a frente até ao amanhecer para olharem o porquê da traição, do fim da amizade, da partida.
Pela manhã Konrád partirá novamente, desta vez para sempre, e o espaço vazio entre quadros, “linha cinzenta que contornava o fundo branco”, terá novamente o retrato de Kriztina porque “já não tem importância - diz o general”.
Este é um livro apaixonante que fala da amizade, do amor, da traição, do orgulho e da honra num mundo que já não existe. Num tom de mistério tem um discurso intenso e reflexivo de busca da verdade e lê-se pela noite fora.

As velas ardem até ao fim – Sändor Márai – Publicações D. Quixote

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