03/12/2011

FOTOGRAFIA da SEMANA


Na Negra Praça que não está lá, existe uma mulher que não se vê, nem dela se tem qualquer perspetiva. 
Na Negra Praça está um andróide vindo do espaço e regressa ao passado para nos olhar. 
Na Negra Praça podemos ver o espelho que estilhaçou e nesta caixa de letras se transformou. 
A Negra Praça é um jornal de vidro, cheiinho de letras e nos confronta com aquilo que se não lê. 
Na Negra Praça estamos todos nós, perdidos num espaço cúbico e fechado. 
A Negra Praça é a morada da humanidade, estás tu e eu e Madre Teresa e Lady Di e Picasso e Delacroix e David Hume, também Dali. Já partiu Freud das ‘esquisitices’ e James Joyce foi a Paris. Simone namorou lá Sartre e Alexandre Magno inventou batalhas. E vieram tribos, ciganos e nómadas, astecas e maias, todos lá ficaram. 
E a Negra Praça encheu-se de gente que nunca lá esteve, porque não podia. 
Num jornal de vidro só cabem fantasmas e notícias cruas de obituários. 
Nesta Negra Praça tão transparente, cabe a humanidade, tu e eu e eles e toda a gente….

Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos  Fernandes

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