Na Negra Praça que não está lá, existe uma mulher que não se vê, nem dela se tem qualquer perspetiva.
Na Negra Praça está um andróide vindo do espaço e regressa ao passado para nos olhar.
Na Negra Praça podemos ver o espelho que estilhaçou e nesta caixa de letras se transformou.
A Negra Praça é um jornal de vidro, cheiinho de letras e nos confronta com aquilo que se não lê.
Na Negra Praça estamos todos nós, perdidos num espaço cúbico e fechado.
A Negra Praça é a morada da humanidade, estás tu e eu e Madre Teresa e Lady Di e Picasso e Delacroix e David Hume, também Dali. Já partiu Freud das ‘esquisitices’ e James Joyce foi a Paris. Simone namorou lá Sartre e Alexandre Magno inventou batalhas. E vieram tribos, ciganos e nómadas, astecas e maias, todos lá ficaram.
E a Negra Praça encheu-se de gente que nunca lá esteve, porque não podia.
Num jornal de vidro só cabem fantasmas e notícias cruas de obituários.
Nesta Negra Praça tão transparente, cabe a humanidade, tu e eu e eles e toda a gente….
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
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