…Mesmo sem Dali, ainda
temos as memórias que persistem…
Escrevi e assim pensei,
sobre a foto icónica dos símbolos de um País pobre e longínquo.
Mas a frase pode servir
de ligação para outras recordações que também devem persistir. Estas, de abril
florido em cravos que transformaram uma revolução num dia de poesia. Parecem
tão longe os tempos, parecem tão inúteis as intenções de liberdade, quanto nos
parece difícil e anacrónico este cravo florir de uma terra de papel, no claro
desespero de rasgar a metálica folha que o preserva do ‘non sense’ sem o
oxidar.
Quando os caminhos dos
militares, Salgueiros e tantos Maias (…‘Somos Todos Capitães…’) se cruzaram com
o povo que cantava em toda e qualquer Vila Morena e Depois do Adeus se
trauteavam corridas em sorrisos empoleiradas, então foi a vez dos meninos se
tornarem gigantes, chegarem com cravos arrebatados em rossios e praças, molhos
e molhos de revoluções fazerem, daqui e dali…
E, mesmo sem Dali, mas
aqui, temos de ter memórias que persistem, memórias que resistem…
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
Postado por Carlos Cotter
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