Se com olhos de um Índio Sioux olhássemos, ficávamos num
paradoxal dilema: se amar os cães – animais procedentes da Mãe Terra e do Espírito
Divino – ou se, pela ajuda à mortandade de outros seres vivos – as raposas – os
devíamos dizimar a eles, antes que tamanho disparate fizessem por capricho,
costume ou gáudio de alguns maníacos privilegiados.
Não somos Sioux: olhamos e vemos uma bela matilha de cães de
não menos bela raça, mas…
Se com olhos pitagóricos olhássemos, ficávamos noutro
estranho dilema: serão estes cães o simulacro corpóreo de almas que estão a
fazer a escalada na sua purificação e ascensão para a Luz, num ciclo ascendente
de reencarnações rumo à perfeição, ou serão o repositório material de almas
que, por “males” fazerem, desceram na escala de Ser e, tal como os ‘Graves’ de
Galileu, vão caindo… caindo…
Terá dito Pitágoras ao enfurecido talhante que não batesse no
animal (cão) que lhe tinha suprimido a carne, pois no seu ladrar de dor
reconhecia a voz de um amigo seu!
Pelo que constatamos, estes cães calados estão! Nem do talho
vieram, nem roubaram, nem para lá vão!
Serão almas?
Serão gente?
Gente não são certamente!
E as almas, porque imateriais são, não se vêm neste chão.
Ou estarão todas ‘NAQUELE’ cão?
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
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