VITORINO NEMÉSIO
Nasce na Praia da Vitória, Ilha
Terceira, Açores, 19 de Dezembro de 1901- Morre em Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978.
Foi um poeta, escritor e intelectual de
origem açoriana que se destacou como romancista, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Ensaísta
reputado, o seu prestígio na nossa história literária advém lhe sobretudo do
romance açoriano Mau Tempo
no Canal, 1944, história de amor e de
sinuosidades familiares e sociais, e dos vários livros de poesia que o consagram como um dos grandes líricos do nosso século (O Verbo e a Morte, 1959,Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas, 1976), que equaciona o sentido da existência humana perante os diversos conflitos
que a centram: o sagrado e o profano, o saber e a ingenuidade, a cultura e a
natureza, o amor excessivo e os desapegos da banalidade quotidiana.
Emily
Elizabeth Dickinson
Nasceu em Amherst, 10 de dezembro de 1830. Faleceu em 15 de maio de 1886. Foi uma poetisa americana,
considerada moderna em vários aspetos da sua obra. Em torno de Emily,
construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária. Tanto que a
denominavam de a “Grande Reclusa”.
Foi somente em torno do
ano de 1858 que Emily deu início a confeção dos «fascicles» (livros manuscritos
com suas composições) produzidos e encadernados à mão.
É intensa a sua produção
de 1860 até 1870, quando compôs centenas de poemas por ano. Em 1862, envia
quatro poemas ao crítico Thomas Higginson que, não compreendendo inteiramente
sua poesia, a desaconselha de publicá-los.
Morri pela Beleza
Morri pela Beleza - mas mal me tinha
Acomodado à Campa
Quando Alguém que morreu pela Verdade,
Da Casa do lado -
Perguntou baixinho "Por que morreste?"
"Pela Beleza", respondi -
"E eu - pela Verdade - Ambas são iguais -
E nós também, somos Irmãos", disse Ele -
E assim, como parentes próximos, uma Noite -
Falámos de uma Casa para outra -
Até que o Musgo nos chegou aos lábios -
Acomodado à Campa
Quando Alguém que morreu pela Verdade,
Da Casa do lado -
Perguntou baixinho "Por que morreste?"
"Pela Beleza", respondi -
"E eu - pela Verdade - Ambas são iguais -
E nós também, somos Irmãos", disse Ele -
E assim, como parentes próximos, uma Noite -
Falámos de uma Casa para outra -
Até que o Musgo nos chegou aos lábios -
E cobriu
- os nossos nomes
Emily
Dickinson, in "Poemas e Cartas"
Tradução de Nuno Júdice
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