CÂNTICO FINAL
Para
Conceição Amarante
Nesta hora dormente e íntima, de solidão e silêncio, há apenas uma linguagem inteligível – a da indignação e da revolta.
É a ti, Senhor, que nos dirigimos e questionamos, desesperadamente questionamos: “Porque a levaste? Porque a tiraste de nós?
Os Teus desígnios, Senhor, não são fáceis de entender, e a nossa falta de entendimento sublima a recusa em aceitar e fragiliza-nos a fé.
Apareceu nas nossas vidas, enviada por Ti, e cumpriu, na perfeição, a missão que lhe deste: com Cortesia e Bondade, chegou a todos nós; com Dignidade e Respeito, conquistou os nossos corações; com Gentileza e Verdade, ensinou-nos a sermos melhores; com Sabedoria e Humildade, chamou-nos a atenção para as estrelas e para os pássaros, para as crianças e para os sábios, de coração aberto. Ensinou-nos tudo com Alegria, tudo fez com Coragem… A sua Integridade soava como o cristal. Foi Verdadeira, Clara e Tranquilizadora.
Era o rosto iluminado da Verdade e da Bondade que se espraiava num círculo irradiante. Era a voz amiga, o abraço cálido, o sorriso pronto e sempre, sempre presente. Era o Amor em movimento, no trabalho, no dever, nos direitos, na lealdade e na honestidade. Ensinou-nos os caminhos da Rectidão, da Solidariedade, da Amizade e do bom senso.
Foi uma bênção nas nossas vidas!
Não temos a possibilidade de escolher como vamos morrer. Nem quando. Só podemos decidir como vamos viver. E agora, Senhor, como vamos viver?
Se a nossa inteligência e a nossa fé nos permitem entender porque a puseste nas nossas vidas, já não nos permitem entender porque a levaste de nós.
E é neste tom de revolta, desabridamente sincero, que Te dizemos, Senhor:
- Não Percebemos! Não aceitamos! Um dia vais ter de nos explicar!
Ana Paula Cunha
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