07/05/2009

HOMENAGEM






e agora vais,
Conceição,
por Amarante
ou por esse teu soalho de Alentejo,
desfraldando sorrisos
tão sinceros
tão simples
tão honestos.
E ficas.
E ficas em nós
para não nos confundirmos com deuses imperecíveis.
E paras.
E paras para nos lembrar
que entre partir e ficar
há o prontificar e o resistir.
E agora vais.
E agora ficas.
E não sabemos que caminhos
galgam as direcções que sonhámos.
E não sabemos.
E não sabemos.
E não.

05/05/2009
José Maria Silva



5 comentários:

Eva Barroco disse...

Não... Não não vai ser a mesma coisa..
Já não te vou poder encontrar, e tu lançares-me aqueles teus sorrisos, que, mesmo que estivesse triste, me alegravam de qualquer maneira.
Já não te vou ver a falar com a minha mãe, e assim que chegava ao pé de vocês metias-te logo comigo.
Já não vou poder sorrir, brincar, e meter-me igualmente contigo.
Já não vou, ouvir o telefone, a tocar, e assim que atendia, ouvir aquela tua voz amiga, dizer: "Olá minha querida, estás boa? (..) passa ai á tua mãe, eu e ela precisamos de “calhandrar” um bocadinho (naquele teu tom de brincadeira dito, com carinho).
Já não vou sentir a tua presença, de corpo, mas do meu coração jamais sairás. ♥
No meio de muito "Já não", digo: "JAMAIS DEIXAREI DE TE ADORAR AMIGA, TU PARA SEMPRE (L)”

Eva Barroco

M disse...

Nunca antes uma escola chorou, como a vi chorar naquele dia.
O silêncio magoava. Nos corredores não havia barulho.
As aulas eram longas e os intervalos pareciam intermináveis...
Não se estava bem em lado algum, porque todo o lado nos lembrava de ti.
Custa muito.
Parece injusto ser feliz agora.
Há coisas que não dependem de nós. Mas levaste contigo o sentido das coisas. Qualquer acção é insignificante e inútil.
As paredes sujas fazem chorar, os azulejos do chão, as cortinas das salas, as escadas para os pisos...fazem chorar.
Tu fazes falta aqui. O teu sorriso e a tua bondade genuína conquistaram-nos.
E isso, ninguém nos tira.
Lamento nunca to ter dito pessoalmente.
Por tudo, obrigada Conceição.

M disse...

l

Maria dos Anjos Fernandes disse...

É inevitável não sofrer e, em simultâneo tirar alguma alegria da alma, paradoxalmente, com o poema do Zé Maria e de todos nós, com os 'dizeres' singelos e belos das meninas amigas e alunas.
És assim a nossa memória.
O teu corpo foi mas não haverá lei ou força que te leve dos nossos corações.
As palavras são imensas mas não chegam para dizer o indizível.
A tua partida assim o foi. De surpresa.
«A» SURPRESA!
Mas sabes uma coisa?
Vamos apenas dizer 'até logo'.

Maria dos Anjos Fernandes

Antónia Palmeiro disse...

Conceição,
ainda há pouco partiste...
e parece já uma eternidade!
Na última reunião de grupo, não me ri,mas lembrei com algum conforto a última vez que rimos juntas! Somos mesmo alentejanas!
Vou-te confessar uma coisa que nunca quereria dizer-te, pois queria que estivesses ainda entre nós: naquela 3ªfeira, dia 5 de Maio de 2009, ao saber que tinhas partido, senti, pela 2ª vez na vida, a dor da perda física definitiva,como naquela 3ª feira, dia 4 de Novembro de 1992, em que perdi um bocado de mim - o meu irmão! Mas aprendi que quem parte, continua a olhar por nós,com o mesmo amor e a mesma força.
Não te escrevi nada quando nos deixaste, não tinha cabeça, não havia palavras... nem explicação possível, mas agora digo-te:
nem toda a gente cabe no nosso coração, mas o teu lugar já está cativo. Para sempre... amigas .
Antónia - a patrícia