A
dimensão onírica que é conveniente termos, leva-nos a reinos do imaginário que
criamos ou que interpretamos.
Nem
sempre é fácil sairmos do paradigma do pensamento muito racional, estereotipado
em símbolos e determinado por mais ou menos preconceitos e modelos
interpretativos da realidade.
A
tecnocracia e o pragmatismo estão na ordem do dia e vão relegando para os
confins da ‘Terra do Nunca’ algum assomo de diferença.
Não
obstante, a imaginação, o insólito, o improvável, surgem.
Se
olharmos bem a beleza aparece perante nós, se quisermos colocar em ação o
essencial da essência que somos: seres de cinco sentidos funcionais e
estruturantes do real; mas seres que têm também inúmeras possibilidades de
cumprir a dignidade da humanidade com que este mundo nos recebe e nele mantém.
É nessa perspetiva que podemos ambicionar ir para além do tempo calendarizado e
do espaço delimitado que nos acolhem. Se conhecemos e pensamos, também sentimos,
temos afetos e experimentamos emoções; atrevemo-nos a imaginar. Podem ser
subtis as diferenças com que vemos e estamos no Mundo mas, qual passo de
Armstrong ou um pequeno ovo de Colombo, podem modificar o Cosmos e a nós
próprios, na realidade construída.
Não
estranhemos pois este Livro que de madeira parece, assente na representação
esférica do Mundo que o sustém.
Pensando
bem, o Mundo tudo comporta. No limite, aceitemos o instante zero da explosão
inicial e a libertação máxima de energia que tudo já continha, que a tudo deu
origem e que de novo tudo incorpora e transforma. Já comportava este Livro!
Ah, o
melhor de tudo é aceitarmos que também lá estávamos como homo-sapiens-demens
com a nossa capacidade demiúrgica e única de criação que nos faz pensar que, se
das árvores é feito o papel, por que não o papel ser árvore transformada em
Livro, para nele se escreverem estórias, recados, momentos, desenhar corações
que Cupido manda terem setinhas certeiras ao coração do Outro?
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
Postado por Carlos Cotter
Sem comentários:
Enviar um comentário