16/10/2008

Língua, Literatura e Petiscos… 01

15 de Outubro de 2008


Boletim da Biblioteca da Escola Secundária de Ferreira Dias (Cacém)


A escolha deste título para o boletim quinzenal, que irá acompanhar-vos até Junho, deve-se ao facto de a língua que falamos, os escritores e poetas que lemos e a comidinha que tanto apreciamos (se referir um bacalhau com batatas a murro ou umas amêijoas à Bulhão Pato, todos saberão que delícias estou a evocar…) serem um verdadeiro traço de união que nos aproxima e faz de nós aquilo que somos como povo.
Será com prazer que vos apresentarei, de forma simples mas rigorosa, os traços definidores da língua e da literatura portuguesas e receitas mais ou menos apetiscadas, com um toque pessoal, insólito por vezes, bem testadas como convém. O que lhes vai faltar na tradição e no rigor culinário sobrar-lhes-á, espero, no poder de vos pôr com água na boca…
Para estimular os neurónios, iremos ter dois concursos:
à Acordo ortográfico: regras que não mudam (testará conhecimentos básicos)
à Palavras que o vento não leva II (estimulará os vossos dotes de escrita)
Estas actividades destinam-se a alunos, funcionários e encarregados de educação. Quanto aos prémios, a Coordenadora da Biblioteca, professora Cristina Pinho, está a tratar do assunto. Logo que haja novidades, aqui as traremos. Um bom ano lectivo para todos!
Professor António Pereira.

Língua Portuguesa I
Em termos simples, podemos dizer que o PORTUGUÊS é a língua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos e alguns asiáticos aprendem no berço, reconhecem como património nacional e utilizam como instrumento de comunicação, quer dentro da sua comunidade quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes. Esta língua não dispõe de um território contínuo (mas de vastos territórios separados, em vários continentes) e não é privativa de uma comunidade (mas é sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regiões e os grupos que a usam. Mas, também por isso, é uma das principais línguas internacionais do mundo.
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/brevesum/index.html (acedido em 2.10.08)
O mais antigo documento oficial, datado, escrito em português, que chegou até nós (o Testamento de Afonso II, de 1214) prova, devido às suas convenções gráficas mais ou menos estáveis, que no ambiente da corte já se escrevia em português há algum tempo. (…) E a Notícia de Torto, um documento privado sem data, mas situável à volta de 1214, atesta como a língua portuguesa era já usada, pontualmente, para registar apontamentos informais e efémeros; esta prática foi recentemente comprovada por uma Notícia de Fiadores de 1175. Mas é a partir de 1255 que começa a produção regular de documentos escritos em português, primeiro na chancelaria régia, depois por toda a parte.
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/brevesum/porque.html (acedido em 2.10.08)
Das cerca de sete mil línguas conhecidas do mundo e das duzentas e vinte e cinco da Europa, o português é a sexta língua materna a nível mundial e a terceira língua europeia mais falada no mundo, com 176 000 000 de falantes. As únicas línguas mais faladas do que o português são: o chinês (mandarim), o espanhol, o inglês, o bengali e o hindi.
Para Luís Aguilar (professor universitário na Universidade de Montreal), o português é a quarta língua mais usada na Internet e a segunda na “blogosfera”.

Literatura Portuguesa I
As origens da literatura portuguesa quase coincidem com o nascimento de Portugal como país, na sequência da conferência de paz em Zamora (entre Afonso Henriques e o rei Afonso VII de Leão e Castela, a 5 de Outubro de 1143).
As primeiras manifestações da literatura portuguesa são em verso, datam do séc. XII e estão reunidas em três colectâneas: o Cancioneiro da Ajuda (séc. XIII), o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (sendo estes cópias de textos mais tardios).
Os primeiros poetas são João Soares de Paiva e Paio Soares de Taveirós, sendo da autoria deste último a célebre «Cantiga da Garvaia» (Cancioneiro da Ajuda). Ver fac-simile reproduzido mesmo na coluna aqui ao lado.Remetendo, nas suas origens, para a tradição oral, esta produção lírica é difundida por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e jograis (cantores ou músicos). Pensa-se que o lirismo medieval sofre a inspiração latina mas que se fortalece em poesia popular, estabelecendo as «harjas» moçárabes uma ligação à poesia românica, muito especialmente às cantigas de amigo.
http://www.institutocamoes.pt/cvc/literatura/origenslit.htm


Nota: Para Ivo de Castro, (linguista), o mais antigo texto literário português é a cantiga trovadoresca de escárnio “Ora faz ost’o senhor de Navarra”, escrita por João Soares de Paiva em 1196.

Petiscos I
Salada de camarão à grega (ou mais ou menos…)

Ingredientes para 4 pessoas:
300 a 400 g de camarão descascado
4 colheres de sopa cheias de azeitonas pretas descaroçadas (ou às rodelas)
1 iogurte natural
3 alhos picados (ou 2 colheres de café de massa de alho)
1 tomate picado (fresco ou de lata) ou 3 colheres de sopa de calda de tomate
5 colheres de sopa de azeite
pimenta preta, sumo de ½ limão, 1 colher de sopa de hortelã picada
250 a 300 g da sua massa preferida cozida em água e sal no momento (+- 12 minutos)

Preparação (cerca de 30 minutos):
1. Deixe aquecer o azeite em lume médio/forte e junte os camarões e o alho (5 minutos).
2. Junte o tomate e deixe estufar, mexendo de vez quando, durante mais 5 minutos.
3. Desligue o lume e reserve os camarões. Ao molho que ficou na frigideira, junte o iogurte e mexa bem.
4. Numa saladeira (sendo de vidro, conseguirá uma verdadeira paleta de cores…), coloque a massa cozida, o molho de iogurte, as azeitonas e os camarões.
5. Finalmente, junte a pimenta preta moída no momento, a hortelã, o sumo de limão e mexa tudo cuidadosamente. Se é viciado(a) no ouro da terra, junte mais um fio de azeite.
6. Está pronto a ser servido. E como o povo adora camarão, vai ser uma festa!
7. Para acompanhar, opte por um sumo de laranja natural feito no momento, para que se não percam as vitaminas. Para maiores de 18, aqui vai a minha sugestão: um vinho branco fresco da Península de Setúbal (Serras de Azeitão tem uma excelente relação qualidade/preço) consumido com moderação.
8. Quando experimentarem a receita, queremos saber como foi. Escrevam para professor.ap@gmail.com, enviando opiniões e sugestões.
Bom apetite!

Nota: o azeite extravirgem é óptimo para temperar, mas não para cozinhar, pois pode ganhar um travo amargo.


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