Três décadas depois da «revolução», o Nobel
«Pai» da fertilização in vitro galardoado hoje com o Prémio Nobel da Medicina
CIÊNCIA HOJE, 2010-10-04, por Carla Sofia Flores
Robert G. Edward tem actualmente 85 anos.
A fertilização in vitro (FIV) foi hoje “premiada” com a atribuição do Prémio Nobel da Medicina ao seu “pai”, Robert G. Edwards. Foi este fisiologista de 85 anos a desenvolver a tecnologia que permitiu que a 25 de Julho de 1978 nascesse Louise Joy Brown, o primeiro bebé proveta da história da humanidade.
Carlos Calhaz Jorge, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), em declarações ao Ciência Hoje, destaca a “actividade científica superior” exercida por Edwards, que “contribuiu, não só para o desenvolvimento da FIV, mas também para muitos níveis de conhecimento que foram abertos com os passos iniciais” do britânico.
Ingeborg Chaves, especialista em ginecologia-obstetrícia, partilha desta opinião e revela-se também muito satisfeita com a distinção, dizendo que este prémio “já era esperado há muito”. Robert G. Edwards “revolucionou os conceitos, a ética, a reprodução humana e esta área da medicina. Acho de toda a justiça que o introdutor da FIV na prática clínica tenha sido galardoado”, declara ao Ciência Hoje a médica que dá nome à Unidade de Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Na opinião da especialista que esteve envolvida no nascimento do primeiro bebé proveta concebido no norte de Portugal, este Nobel é “o reconhecimento de uma das mais importantes revoluções do século passado”, sobretudo para os casais inférteis. “Toda a reprodução assistida e tudo o que derivou da técnica in vitro também foram galardoados”, sublinha.
Louise Brown com o seu filho
O presidente da SPMR salienta ainda o “trabalho superior e sublime” de Robert G. Edwards. Embora a FIV seja o mais visível da sua investigação, o médico português destaca que os estudos realizados pelo britânico levaram a descobertas que ainda hoje estão a ser feitas. “Tudo o que diz respeito a células estaminais teve origem nos horizontes abertos pela investigação de Edwards”, exemplifica.
Carlos Calhaz Jorge acredita que este prémio atribui “visibilidade e reconhecimento internacional” à medicina de reprodução, demonstrando que se trata de uma área científica que merece ênfase. “Regozijo-me porque finalmente foi feita justiça”, assume, sem no entanto considerar que o prémio foi tardio, na medida em que “o Nobel da Medicina foi sempre atribuído a pessoas ímpares na sua área de investigação”.
Segundo o Comité Nobel no Fórum Nobel do Instituto Karolisnska, na Suécia, o trabalho de Robert G. Edwards “no desenvolvimento do tratamento da fecundação humana in vitro tornou possível o tratamento da infertilidade, uma condição médica que afecta uma grande porção da humanidade, incluindo mais de dez por cento dos casais de todo o mundo”.
«Pai» da fertilização in vitro galardoado hoje com o Prémio Nobel da Medicina
CIÊNCIA HOJE, 2010-10-04, por Carla Sofia Flores
Robert G. Edward tem actualmente 85 anos.
A fertilização in vitro (FIV) foi hoje “premiada” com a atribuição do Prémio Nobel da Medicina ao seu “pai”, Robert G. Edwards. Foi este fisiologista de 85 anos a desenvolver a tecnologia que permitiu que a 25 de Julho de 1978 nascesse Louise Joy Brown, o primeiro bebé proveta da história da humanidade.
Carlos Calhaz Jorge, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), em declarações ao Ciência Hoje, destaca a “actividade científica superior” exercida por Edwards, que “contribuiu, não só para o desenvolvimento da FIV, mas também para muitos níveis de conhecimento que foram abertos com os passos iniciais” do britânico.
Ingeborg Chaves, especialista em ginecologia-obstetrícia, partilha desta opinião e revela-se também muito satisfeita com a distinção, dizendo que este prémio “já era esperado há muito”. Robert G. Edwards “revolucionou os conceitos, a ética, a reprodução humana e esta área da medicina. Acho de toda a justiça que o introdutor da FIV na prática clínica tenha sido galardoado”, declara ao Ciência Hoje a médica que dá nome à Unidade de Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Na opinião da especialista que esteve envolvida no nascimento do primeiro bebé proveta concebido no norte de Portugal, este Nobel é “o reconhecimento de uma das mais importantes revoluções do século passado”, sobretudo para os casais inférteis. “Toda a reprodução assistida e tudo o que derivou da técnica in vitro também foram galardoados”, sublinha.
Louise Brown com o seu filho
O presidente da SPMR salienta ainda o “trabalho superior e sublime” de Robert G. Edwards. Embora a FIV seja o mais visível da sua investigação, o médico português destaca que os estudos realizados pelo britânico levaram a descobertas que ainda hoje estão a ser feitas. “Tudo o que diz respeito a células estaminais teve origem nos horizontes abertos pela investigação de Edwards”, exemplifica.
Carlos Calhaz Jorge acredita que este prémio atribui “visibilidade e reconhecimento internacional” à medicina de reprodução, demonstrando que se trata de uma área científica que merece ênfase. “Regozijo-me porque finalmente foi feita justiça”, assume, sem no entanto considerar que o prémio foi tardio, na medida em que “o Nobel da Medicina foi sempre atribuído a pessoas ímpares na sua área de investigação”.
Segundo o Comité Nobel no Fórum Nobel do Instituto Karolisnska, na Suécia, o trabalho de Robert G. Edwards “no desenvolvimento do tratamento da fecundação humana in vitro tornou possível o tratamento da infertilidade, uma condição médica que afecta uma grande porção da humanidade, incluindo mais de dez por cento dos casais de todo o mundo”.
A investigação deste britânico, embora só tenha dado frutos em 1978, tinha vindo a ser desenvolvida deste a década de 50 com a colaboração de Patrick Steptoe e, na altura, levantou grandes questões éticas, pelo que o investigador teve de enfrentar toda a resistência social ao procedimento que desenvolvia. Actualmente, o professor emérito Universidade de Cambridge, vê o seu trabalho largamente recompensado visto que, em todo o mundo, já nasceram mais de quatro milhões de bebés com o recurso à técnica que desenvolveu.
Em Portugal, a FIV ganhou visibilidade quando a 25 de Fevereiro de 1986 nasce, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o primeiro bebé proveta português. Trata-se de Carlos Saleiro, actual ponta-de-lança do Sporting, que veio ao mundo pelas mãos do especialista em infertilidade António Pereira Coelho.
4º Congresso Nacional de Medicina da Reprodução
Há 24 anos, este acontecimento foi apelidado pelos jornais como "um milagre com paredes de vidro". Hoje em dia, a importância das técnicas que auxiliam a reprodução humana – responsáveis pelo nascimento de um a dois por cento dos bebés europeus - já foi amplamente reconhecida.
Neste sentido, a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução organiza entre 7 e 9 de Outubro o quarto congresso português dedicado a esta área médico-científica. O Centro de Congressos de Lisboa vai acolher vários especialistas, entre os quais Ingeborg Chaves e Carlos Calhaz Jorge, que abordarão assuntos das áreas clínica, laboratorial e das ciências básicas, assim como dos âmbitos social e humanista.
Em Portugal, a FIV ganhou visibilidade quando a 25 de Fevereiro de 1986 nasce, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o primeiro bebé proveta português. Trata-se de Carlos Saleiro, actual ponta-de-lança do Sporting, que veio ao mundo pelas mãos do especialista em infertilidade António Pereira Coelho.
4º Congresso Nacional de Medicina da Reprodução
Há 24 anos, este acontecimento foi apelidado pelos jornais como "um milagre com paredes de vidro". Hoje em dia, a importância das técnicas que auxiliam a reprodução humana – responsáveis pelo nascimento de um a dois por cento dos bebés europeus - já foi amplamente reconhecida.
Neste sentido, a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução organiza entre 7 e 9 de Outubro o quarto congresso português dedicado a esta área médico-científica. O Centro de Congressos de Lisboa vai acolher vários especialistas, entre os quais Ingeborg Chaves e Carlos Calhaz Jorge, que abordarão assuntos das áreas clínica, laboratorial e das ciências básicas, assim como dos âmbitos social e humanista.
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