Na Bíblia é-nos dado um conselho
tão simples, quanto sábio – divinamente: “Se
tiveres olhos vê, se não puderes ver, repara.”
Não sei qual o preferível:
- Se ser a suposta Mãe que dá a
ver a lista quase infindável de explicações e motivos que representaram
uma Guerra Mundial que dizimou milhões de corações a bater e corpos torturados
e mortos, se ser o suposto filho que só pode ainda reparar naquela imensidão de frases, sem poder ainda perceber a
dimensão horrenda da barbárie.
Quase podemos ouvir as explicações pedagógicas da Mãe.
Não será difícil aceitar apenas uma leitura simples, pautada aqui e
ali, por alguma explicação mais realista. Mas só isto já é terrível, não haverá
tempo no passeio para falar da insanidade dos senhores de braço estendido, dos
medos de Anne Frank, na desobediência audaciosa de Aristides de Sousa Mendes,
numa cruz suástica bem explicadinha….
Quase podemos ouvir os ‘Ah!’ do
menino, filho aprendiz da memória dos horrores. Talvez na sua imaginação vá pensando:
“que bom eu ainda não ter nascido, que
bom só ouvir falar a Mãe, que bom apenas saber que houve outros meninos com
outros nomes que estiveram lá e agora já não estão aqui, e eu não sei muito bem
porque lhe fizeram mal”. Mas fico triste.
Porquê Mãe? Também não sei muito bem Mãe, porque estas palavras que
falam da Guerra (Como é uma Guerra Mãe?
Os filhos ficam sem pais ou são os pais que ficam sem filhos?), têm de ser
arte e porque estas explicações se chamam ‘A
Arte da Guerra’!
É a brincar Mãe?
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
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