James
Dean, ao contrário do habitual, não queria sair naquela noite. Algo lhe dizia
que as ruas da cidade estavam a abarrotar de insaciáveis, que não haveria lugar
onde pudesse deixar parte da sua irreverência e, exceto a cerebral, a física
tinha de ser arrumada nalgum lado…
Mas
uma força interior, aquela que não lhe obedecia quase nunca, levou-o mesmo para
o ar da noite, com alguma confiança no destino que os destemidos não temem. As
Festas e algumas festas eram um álibi que não o deixava descansar a curiosidade
do que poderia acontecer.
E
saiu. Velozmente foi percorrendo destinos, o seu e de tantos outros… e as ruas
apinhadas na Big Apple. Nada de novo!
De
facto, tudo se confirmava. Que fazer? Levava-se a ele e à sua irreverência de volta
a casa ou tentava o impossível?
Decidiu
pela segunda hipótese e encontrou, vá-se lá saber porquê, um adorador de candeeiros
que, encostado a um, ia desfiando um rosário de desabafos que só ele entendia,
mas que lhe prometeu, a troco de uns minutos de uma loucura sã e partilhada,
guardar-lhe a motinha….
Conversaram
muito, trocaram tanta palavra, que descobriram ao fim de um par de horas que a
noite tinha valido a pena.
James
Dean não chegou a cumprir o programa das festas a que tencionava submeter-se. Extasiado
com o despontar do amanhecer, decidiu voltar à terra dos seus sonhos….talvez
dormir.
Quanto
ao adorador de candeeiros, também decidiu regressar ao lugar de outros sonhos.
Naquela noite, Vasco Santana deu por bem empregue, mesmo sem perceber quase nada
de Inglês, ter saído do Parque Mayer e ter ido falar com um candeeiro a Nova
Iorque.
Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes
Postado por Carlos Cotter
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